Esta comunicação centra-se na análise dos programas de governo de Portugal, de 1976 ao final do século XX, em particular dos capítulos referentes à Política Externa para compreender o que propuseram os governos no eixo estratégico das relações pós-coloniais. Por um lado, e como objectivos gerais, pretende-se perceber se clivagens político-partidárias têm ou não um papel determinante nessa opção; por outro, atendendo a tal período relativamente longo, tentar-se-á vislumbrar que processos internos ou internacionais dão forma à acção dos Estados, contribuindo para uma melhor compreensão das motivações nos processos de formulação e tomada de decisão em política externa, identificando-se, portanto, tanto objectivos de médio e longo prazo como as contingências detectadas pelo Executivo à sua acção externa. A ênfase num período relativamente longo como o que estudámos permite, como objectivos específicos, analisar as diferentes fases do relacionamento entre Portugal e as suas ex-colónias até à criação da CPLP, mas também avaliar o estado de cada uma dessas relações bilaterais. Procurando reler a literatura e documentação oficial segundo a perspectiva teórica da Foreign Policy Analysis tentaremos, em suma, compreender como este eixo da política externa foi visto pelos decisores políticos, dissecando as motivações e justificações usadas no âmbito dos programas.
Pedro Ponte e Sousa, Universidade do Porto
Pedro Sousa é mestrando em História, Relações Internacionais e Cooperação na FLUP, estando neste momento a ultimar uma dissertação sobre Política Externa Portuguesa no século XXI e o papel das clivagens político-partidárias. É licenciado em Línguas e Relações Internacionais pela mesma faculdade. Está actualmente a organizar o Intensive Workshop in Global Affairs, a ter lugar na FLUP, em Outubro ano. Os seus principais interesses de investigação são política externa portuguesa, análise de política externa, small states e globalização.