Griots do Terceiro Milênio — Das proibições às apropriações

Espalharam o negro pelo mundo para ser explorado na condição de escravo e, por consequência, também a cultura, a visão de mundo, a forma de contato com o cosmo, e a música que constava de sua bagagem. Há muito de cultura negra na música contemporânea.Observamos que o blues, nascido dos lamentos nas colheitas de algodão dos Estados Unidos, em fusão com a música tradicional jamaicana, originou o reggae. O blues também originou o jazz e em fusão com o country, o rock and roll, que se difundiu pelo planeta. E o jazz em fusão com o samba, nascido das lavouras de cana e café do Brasil, origina a bossa nova, mundialmente conhecida, entre outras fusões e criações musicais do Brasil que têm logrado alcance mundial. Os gêneros musicais originados afro brasileiros, passam por proibições e acabam sendo abordados pela indústria cultural que, em sua ânsia por dividendos, imprime a sua capacidade de domesticação de conteúdos visando à maior aceitação pelo público e, consequentemente, um significativo alcance do “produto”.Entretanto, há o pitoresco caso do rap. O rap dos EUAs, apesar ter alçado esse gênero à visibilidade mundial, encontra-se repleto de ostentação e apelo sexual. Já o rap brasileiro e o rap francês, que resistiram às muitas concessões, permanecem sendo o discurso de oposição da juventude das metrópoles. E Portugal?

João Lindolfo Filho, PUC-SP


Bacharel em Ciências Sociais, com Mestrado em Psicologia Social e Doutorado em Antropologia Urbana na PUCSP/CES, tendo apresentado trabalhos na U. Coimbra e na Sorbonne. Leciona em cursos especiais e esporádicos no Pós Graduação da Faculdade de Sociologia e Política de São Paulo e desenvolve trabalhos de Articulação Comunitária no Governo da cidade de São Paulo. Pós Doutorando na Antropologia Urbana PUC.SP: cultura, juventude e periferias das metrópoles e tem programa de rádio www.cidadafm.com.br