Mito contra mito: o caso do manual História de Angola

Esta comunicação tem por objecto um conjunto de narrativas de pendor etno-histórico, re-elaboradas por intelectuais ligados ao MPLA a partir da historiografia referente ao espaço angolano e suas populações, sustentando-se que aquelas desempenharam um papel na construção dos mitos que sustentam simbolicamente a nação angolana. O objectivo da comunicação é explorar os sentidos projectados por tais narrativas. A colonização dos territórios africanos foi justificada em Portugal pelo mito do “direito histórico”, adquirido graças a quinhentos anos de presença portuguesa. Nesse sentido, vários recursos foram usados para elevar certas figuras ligadas aos Descobrimentos a heróis nacionais, como a literatura, o cinema, os monumentos, a estatuária, as exposições e sobretudo o sistema de ensino. Contra os mitos do colonizador, intelectuais ligados ao MPLA vão contrapor uma narrativa alternativa de eventos e construções simbólicas desenvolvidas no espaço angolano de modo a criar uma nova história de Angola. O que propõem é um mito de criação endógeno. Um dos recursos fundadores desta etnohistória é um manual escolar intitulado, precisamente, História de Angola.

Alexandra Dias Santos, Universidade Europeia & Filipa Subtil, Escola Superior de Comunicação Social


 

Alexandra Dias Santos docente da Universidade Europeia (alexandra.santos@europeia.pt) e Doutorada em Sociologia pelo ICS-UL

Filipa Subtil docente da ESCS-IPL (fsubtil@escs.ipl.pt) e Doutorada em Sociologia pelo ICS-UL