Aquivos por Autor: CEI IUL

From Liberation to Globalization: (Re)presenting the Nation on the Theatrical Stages of Cape Verde

Cape Verde provides a rich opportunity to examine theatre at the crossroads of Europe and Africa. This post-independence theatre movement reveals the complexities of postcolonial creole identities. I argue that theatre performances, practices and aesthetic debates are sites for resisting, reclaiming and recreating national and cultural identity. Through performance, artists and audiences engage in cultural discourse about language, cultural identity, politics, and social issues. In my research, I examine theatre artists and prominent theatre troupes in the post-independence period, looking closely at the significance of the historical moment and context from which the artists emerge – from the fervor of independence to the establishment of the CPLP. As a scholar/artist, I adopt an ethnographic and performance-based methodology combined with interviews and archival research. This study of theatre not only contributes to the broad field of Lusophone Studies but I propose that theatrical performance in Cape Verde may expand and deepen the ways in which other scholars imagine creoleness, postcolonial national identity and the growing field of mixed race studies. Cape Verdean theatre offers a complex interplay between the African and European aspects of its Crioulo culture, asking the audience what it means to be Crioulo – racially, culturally, nationally, and internationally.

Eunice Ferreira, Skidmore Colleg


 

Dr. Eunice Ferreira is a theater professor at Skidmore College, New York. Her research focuses on performance and issues of language/cultural identity at the intersections of African and Lusophone studies. Recent publications include “Crioulo Shakespeareano and the creolizing of King Lear,” African Theatre 12: Shakespeare in & out of Africa; and co-translation of Alone Onstage (Sozinha no Palco), Moving Worlds. She holds a Ph.D. from Tufts University (Boston, MA) and regularly presents at national and international conferences.

Batuku e funaná: o que a música de Cabo Verde ganhou com a independência

Batuku e funaná são géneros musicais de Cabo Verde com grande vitalidade actualmente. São fruídos pelos cabo-verdianos em todas as ilhas, estão presentes no repertório de muitos artistas e fazem sucesso em concertos e pistas de dança, dentro e fora do país. Não teriam a projecção que têm se não fosse a independência. A dinâmica cultural que vem na esteira do novo poder instituído em 1975 cria condições para que estas duas expressões musicais, reprimidas ou menosprezadas durante o período colonial, passem a ser valorizadas. Até aí, as músicas reconhecidas como sendo as de Cabo Verde eram unicamente a morna e a coladeira. A partir da independência, batuku e funaná são retirados do âmbito restrito do seu meio de origem – o mundo rural da ilha de Santiago –, onde, para além dos próprios camponeses, interessavam no máximo a antropólogos, pela sua especificidade etnográfica. Tal como outros aspectos da vida em Cabo Verde que mudaram para melhor com a independência, também na música houve benefícios, pois passados 40 anos pode-se constatar que o país ganhou dois géneros musicais em pé de igualdade com os já anteriormente consagrados, morna e coladeira. Hoje, com um percurso rico em mudanças e recriações por vezes até controversas, são música de todos os cabo-verdianos.

Gláucia Nogueira, Universidade de Coimbr


 

Gláucia Nogueira, doutoranda em Patrimónios de Influência Portuguesa (Universidade de Coimbra), dedica-se a investigar as práticas musicais em Cabo Verde. Publicou “Batuku de Cabo Verde. Percurso Histórico-Musical”, resultado da sua dissertação no mestrado em Património e Desenvolvimento (Universidade de Cabo Verde), “O tempo de B.Léza. Documentos e Memórias” e “Notícias que fazem a História. A Música de Cabo Verde pela imprensa ao longo do Século XX”. Tem no prelo “Cabo Verde & a Música. Dicionário de Personagens”.

O antes, o agora e o depois: Angola 40 years later

No ano que angola deveria estar a celebrar os seus 40 anos de independência, as notícias que vêem do país não são animadoras. Depois de um período de crescimento económico, eis que uma crise económica afecta o país e de modo mais severo, a sua população, sendo as consequências devastadoras: insatisfação popular, detenções policiais, dificuldades do exercício dos direitos de cidadania, aumento da inflação, escassez de divisas no mercado que tem levado à escassez de alimentos e medicamentos, aumento da pobreza e má nutrição, entre outras, são motivos mais do que suficientes para reflectirmos sobre estes 40 anos de independência. O Antes, o Angola e o Depois são momentos que pretendemos analisar para sabermos afinal o que está a correr mal? Porquê esta situação depois de um período de optimismo? De Cabinda ao Cunene mas também do mar ao leste, passando por todas as outras províncias, qual o balanço de 40 anos de independência? Continuamos a ser um só povo e uma só nação? A luta continua mas será a vitória certa? E de que vitória estamos a falar? De quem e sobre quem?

Ermelinda Liberato, CEI-IUL & FCS-UA


 

Doutorada em Estudos Africanos Interdisciplinares em Ciências Sociais no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Investigadora Associada no Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL) do ISCTE-IUL. Desenvolve investigações sobre pobreza e estratégias de sobrevivência em Angola e educação  e ensino superior em Angola.

De Cabinda ao Cunene, uma só nação: diferentes projetos (1973-1977)

Com a deterioração da transição para a independência em Angola e a ausência de eleições, a legitimidade do regime instaurado pelo MPLA em 1975 é contestada. UNITA e FNLA proclamam um estado rival no Huambo, o qual entretanto teria vida curta. Pretende-se explorar os desdobramentos políticos em Angola nos anos que imediatamente precederam e sucederam a independência. Com o intuito deliberado de borrar esse marcador temporal, o propósito é explorar, segundo as perspectiva rivais, as continuidades discursivas em torno da ideia de um projeto nacional unívoco que deveria englobar um território heterogêneo – legado do estado colonial. Não é possível compreender o conflito civil que se iniciou já antes da independência sem remeter suas origens à luta anticolonial e à formação das elites regionais. Colocamo-nos a seguinte questão: quais foram as condições de possibilidade que levaram à progressiva legitimação do projeto nacional do MPLA, ao passo que aquele dos outros movimentos não se pôde firmar? Atentar-se-á à experiência da UNITA durante o período em que exerceu controle sobre o Planalto Central até 1976 e o posterior deslocamento para o leste, onde o movimento se iniciara. Argumenta-se que os desdobramentos dessa experiência remarcariam a polarização do conflito em torno da oposição cidade/mata que tem, em última análise, raízes nas diferentes vivências do colonialismo em Angola.

Ariel Rolim Oliveira, SOAS


 

Ariel Rolim é antropólogo na Universidade de São Paulo. Atualmente está filiado à School of Oriental and African Studies como pesquisador visitante para a finalização da tese. Vem realizando pesquisa sobre os processos políticos em Angola pós-colonial, em particular sobre a formação de diferentes imaginações nacionais concorrentes durante a guerra civil. Sua pesquisa atual parte de fontes documentais e trabalho de terreno e procura compreender as transformações discursivas durante pontos de inflexão chave do conflito.

A presença da mulher na libertação e construção do estado Angolano: caso da OMA

Há evidências de que a Mulher contribuiu sobremaneira na Luta de Libertação de Angola quer ao lado dos seus maridos quer em Organizações, como foi o caso da OMA (Organização da Mulher Angolana). Na construção do Estado que hoje é assegurado pela integralidade territorial, a Mulher desempenhou uma função preponderante. Na educação e na Recuperação dos Valores sociais, a OMA apresenta testemunhos interessantes. A nossa comunicação tenta questionar o problema de: (1) lugar da Mulher independentista Angolana; (2) Memória monumental e toponímica da Mulher na construção do espaço comum; (3) Que poderá aportar a feminidade na educação Nacional; (4) empoderamento da Mulher e o devir de Angola enquanto Estado-Nação. A partir de alguns exemplos concretos faremos uma apreciação na base de dados documentais e empíricos e, finalmente apresentar metodologicamente os pontos que pensamos importantes para retribuir a Mulher Angolana o seu merecido lugar quer na História de Angola quer na Angolanidade.

 Patrício Batsikama, União Nacional de Artistas Plásticos


Historiador, docente na Universidade Agostinho Neto, e autor de 10 livros et plus de 12 artigos publicados em revistas científicas.

“A libertação da mulher e uma necessidade da revolução” – On the Visuality of Militant Femininity in the Context of the Independences of Angola and Mozambique

In this paper I explore the relationship between aesthetics and politics in the context of independence as a revolutionary moment. Visual culture has been important to anticipate, fuel and manifest the independence on vari-ous levels. From photographic and filmic documentation of the independ-ence struggle to the framing of the political moments of the actual inde-pendence to the role of post-revolutionary propaganda and art, the historic moment has been the frame for the development of a certain visuality. In particular, it is interesting to look at the transnational migration of images as well as their transformation into political icons.
In my paper I focus on the visualisation of political heroes, in particular the female heroines Deolinda Rodrigues (Angola) and Josina Machel (Mozam-bique). Both have been constructed also visually as national icons of the revolution and independence. Following Mirzoeffs concept of ‘visuality’ as the offical mode of an image culture and the related possibility of a counter-visuality, this paper assesses a number of images of the two women from the different periods before, during and after revolution to give further insight on the connectedness of politics and the visual in the African independences focusing on the heroisation of militant women and the female space in the revolution.

Nadine Siegert, University of Bayreuth


Dr. Nadine Siegert is Deputy Director at Iwalewahaus, University of Bayreuth and Project Leader of the sub project “Revolution 3.0. Icono-graphies of social utopia in Africa and its diaspora” at the Bayreuth Acad-emy of Advanced African Studies. Her PhD project in Art Studies was titled  „(Re)Mapping Luanda – Utopia and Nostalgia in aesthetic practise“. At the University of Bayreuth she worked in the research projects „Art-worlds in Interaction“ and „Media Art and the dynamics of contemporary art-worlds in Johannesburg and Luanda“.


 

Resistência cultural na Guiné-Bissau: o gumbe

Partindo do pressuposto segundo o qual uma das “técnicas” coloniais se baseia no sufocamento da cultura autóctone para a implantação da do colonizador, Amílcar Cabral entende que uma forma de resistência essencial para a libertação assenta na própria cultura e na recuperação dos valores originais, por parte do povo. É nesse sentido, que o gumbe, na Guiné-Bissau, representa o espaço de manifestação da cultura autóctone, antes silenciada pelos colonizadores. O gumbe, enquanto elo entre pessoas que pertencem à mesma cultura e que falam a mesma língua, serve de instrumento da reformulação identitária do povo, através da música, que se torna uma forma de negociar novas identidades e novas formas de existência colectiva. Ademais, o gumbe, por recorrer inteiramente ao crioulo, detém um papel importante no âmbito da discussão linguístico-identitária. Apesar de o fenómeno da crioulização ser impulsionado pela chegada do colonizador, o resultado deste processo criativo é surpreendente. A língua que lhe resulta é a expressão de uma identidade renovada que, apesar das ligações óbvias com a língua do colonizador, é frequentemente utilizada como forma de manifestação anti-colonial, não estando a sua compreensão acessível aos “estrangeiros”. Neste sentido, o gumbe parece ser o emblema do processo de crioulização e um dos símbolos da resistência cultural que levou à libertação da Guiné-Bissau.

Laura Antonini, ISCTE-IUL


 

Doutoranda em Estudos Africanos (ISCTE-IUL, Lisboa), Mestre em Línguas e Literaturas Estrangeiras (UNISA, Salerno)

A escultura makonde e a ideia de moçambicanidade

O fenómeno da escultura maconde fundamenta uma das ideias da construção da moçambicanidade. Comunidade do nordeste de Moçambique e o sudoeste da Tanzânia é conhecida pela resistência ao tráfico esclavagista e à penetração da dominação colonial A “aura” de “resistência” facilitou a sua adesão à FRELIMO no período da libertação nacional. Com a independência, os macondes e sua cultura constituem-se como uma das bases da “nação” em construção, dialogando mais tarde com a ideia de nação “índica”. A técnica de trabalho em madeira é reconhecida como singular no tempo colonial. No processo de implementação das estratégias de dominação pelo colonialismo português, várias expedições reconheceram a dimensão singular da escultura maconde. Será também essa qualidade estética que permitirá difundir pela Europa e Améria do Norte o trabalho dos artesãos para o financiamento da luta armada. A independência de moçambique consolida a relevância da escultura maconde como uma das bases da construção da nação. Criaram-se programas de valorizaão do trabalho dos artesãos. Experiencias efémeras nas “barracas” do museus, em Maupto e Nampula. Esta comunicação questiona o lugar da escultura maconde na ideia de moçambicanidade, no âmbito da relação da cultura com o desenvolvimento em Moçambique.Nome, afiliação e uma breve nota curricular (550 caracteres com espaços).

Pedro Pereira Leite, CES-UC


 

Doutor em Museologia, e pós-doutor em museologia social, desenvolve no CES o projeto de investigação “Heranças Globais: a inclusão dos saberes das comunidades como instrumento de desenvolvimento integrado dos território”.(2012-2015) .Tem como objetivo observar a relevâncias no uso da memória social em quatro territórios ligados por processos sociais comuns: Portugal e Espanha, na zona da Fronteira; em Moçambique e no Brasil. Trabalha com objetos biográficos em espaço lusotópicos.

Pluralismo jurídico em Moçambique: continuidades e rupturas com o modelo colonial de administração de justiça no distrito de Mossurize

Um dos aspectos remanescentes do colonialismo português em Moçambique, e talvez um dos mais salientes, é o pluralismo jurídico – instituído formalmente com a criação do regime do indigenato, consubstanciava-se na separação da população em grupos distintos (cidadãos e indígenas), aos quais se aplicavam diferentes formas de administração e diferentes “leis”. Com base em trabalho de campo realizado no distrito de Mossurize em 2014, a presente comunicação apresenta dados que confirmam a permanência de diferentes mecanismos de resolução de conflitos neste distrito, que funcionam ainda com características semelhantes às do período colonial. A nível local, as principais causas das disputas são assuntos relacionados com a família, nomeadamente questões de heranças e de separações/divórcios, nas quais a “norma da tradição” é preponderante – e frequentemente contrária quer aos princípios do Estado de Direito, quer à Constituição de Moçambique. Apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos anos quer pela Procuradoria Distrital, quer pelo Tribunal Judicial Distrital de Mossurize para erradicar tais práticas, este status quo tem-se mantido, o que representa como que uma reprodução do modelo de governo indirecto preconizado pelo colonialismo português e, consequentemente, um obstáculo à democratização do acesso à justiça defendida pelo Estado moçambicano desde a sua independência.

Marta Patrício, CEI-IUL


 

Marta Patrício é licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela FCSH-UNL e mestre em Estudos Africanos pelo ISCTE-IUL. Actualmente é bolseira de Doutoramento FCT em Estudos Africanos no Centro de Estudos Internacionais (CEI-IUL). A sua investigação centra-se nos processos de construção do Estado e nas relações Estado-Sociedade na África Sub-Sahariana no período pós-colonial, nomeadamente em Moçambique. A sua tese de Doutoramento foca-se nas dinâmicas do pluralismo jurídico no distrito fronteiriço rural de Mossurize (Moçambique).

Complexidade, natureza e sentidos dos motins de Maputo (2008 e 2010)

Os violentos protestos populares ocorridos em Maputo e outras cidades moçambicanas) em 2008 e 2010 têm sido frequentemente referidos como motins económicos. Contudo, embora tivessem tido como flashpoint bruscos aumentos de preços, as suas motivações e os sentidos que projetam e que lhes são atribuídos pelos seus atores são de caracter eminentemente político. Tomando em conta as perspetivas das populações envolvidas, verifica-se que as motivações e dinâmicas dos chamados motins de Maputo derivam da complexa interacção entre múltiplos factores, num quadro geral de precariedade de condições e perspectivas de vida, afectando a maioria da população. Destacam-se, entre esses factores em interação, (1) a avaliação de um incumprimento estatal daquilo que é, na visão popular local, o “contrato social”; (2) a inexistência de instrumentos institucionais ou informais de canalização do desagrado e protesto para com decisões governativas; (3) o desconforto popular com a ostentação da riqueza e a sua irrelevância aos olhos dos poderosos; (4) a ausência de alternativas pacíficas de expressão política; (5) uma cultura de poder autocrática e arrogante; (6) traços de indigenização do “povo” por parte das elites político-económicas; (7) as relações de dependência internacionais; (8) os confrontos partidários e eleitorais. Vários desses aspectos são fulcrais nas dificuldades de transição política.Watch Full Movie Online Streaming Online and Download

Paulo Granjo, ICS-UL


Paulo Granjo é doutorado em antropologia e investigador do ICS-UL. Foi de 1999 a 2006 professor visitante na UEM, Moçambique, país onde tem pesquisado, desde 2002, o trabalho industrial e apropriações do perigo laboral, o lobolo e relações familiares, as práticas de adivinhação e cura, as representações sobre gémeos e albinos, os linchamentos e violência pública. Estuda atualmente o impacto local dos megaprojetos extrativos. Autor de 8 livros e dezenas de artigos, fot galardoado com o Prémio Sedas Nunes 2007 e é sócio honorário da AMETRAMO.