São ainda raros os estudos sobre a geração de intelectuais que a partir de meados da década de 1960, de forma clandestina ou semilegal, acabaria por modernizar o discurso marxista em Portugal. Ao contrário do que sucede noutros países, existe em Portugal uma lacuna historiográfica no que concerne ao estudo do pensamento e da obra de intelectuais marxistas menos catalogáveis e desvinculados das ortodoxias dominantes, de fundo simultaneamente não-dogmático e radical. Propõe-se, portanto, com esta comunicação evidenciar o pensamento de João Martins Pereira – engenheiro, economista, ensaísta e ex-secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório – no que diz respeito ao colonialismo português, nomeadamente em três períodos consecutivos: colonização, guerra colonial e descolonização. Esta apresentação centrar-se-á nos escritos do autor, não apenas durante os diferentes períodos históricos, mas também após os mesmos. Por fim, deve-se referir que esta comunicação, que se encontra ancorada à tese de doutoramento que o orador tem vindo a desenvolver e que tem por objeto o pensamento e a obra de João Martins Pereira, tem como fontes a obra do autor (nomeadamente crónicas, artigos, ensaios e livros) e a imprensa da época.
João Moreira, Universidade de Coimbra
Licenciado em Sociologia pelo Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (2011), tem investigado desde 2011 a esquerda radical portuguesa, nomeadamente as tendências trotskistas durante os «longos anos 60». Mestre em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra é hoje doutorando em Altos Estudos em História pela mesma faculdade. Encontra-se a estudar o pensamento político de João Martins Pereira, tendo em vista a sua tese de doutoramento.