Do nativismo, do protonacionalismo ao nacionalismo libertador: uma breve reflexão sobre processos, indivíduos e ideologias relevantes na constituição dos movimentos de libertação e para a independência em Moçambique

Nesta comunicação, por meio de uma análise sócio-histórica e diacrónica sobre os processos, pessoas e discursos que contribuíram direta e indiretamente para a independência moçambicana, pretendo refletir brevemente sobre três importantes personalidades que considero, emprestando o termo do passado, como “filhos da terra”, e suas influências para a constituição de um pensamento crítico e libertador em Moçambique no século XX: João Albasini (1876-1922), Eduardo Mondlane (1920-1949) e Samora Machel (1933-1986). Procuro perceber que ideologias e crenças fundamentaram, em cada época, algumas das correntes de pensamento que influenciaram as suas próprias inclinações político-filosóficas de caráter nacionalista, e que contribuíram também para encampar uma visão libertadora-anticolonial do projeto nacional em Moçambique. Realizando um rápido exame que vai do estágio inicial do colonialismo português de fato, à cessação deste modelo em 1975 em África, busco contribuir para uma maior reflexão sobre os veículos e sistemas ideológicos que foram fundamentais para pugnar uma cosmologia de mundo distinta daquela permitida pelo modelo colonial fascista. Para esse fim, utilizarei as obras de Mário Pinto de Andrade (1998), Aurélio Rocha (2006), Teresa Cruz e Silva (2001), Vladimir Zamparoni (1998), dentre outros.

Fabrício Rocha, CES-UC


 

Doutorando em Pós-colonialismo e Cidadania Global no CES-Coimbra. Mestrado em Antropologia Social e Cultural Pela Universidade de Coimbra. O campos de interesses estão também relacionados à composição dos movimentos nativistas e nacionalistas na África austral e à formação de identidades nacionais revolucionárias. Atualmente trabalha sobre questões em torno das ruturas e das reconstituições identitárias de minorias não-negras em Moçambique.