Os ‘Condenados’ da Guerra

Os percursos de vida dos antigos combatentes africanos que integraram as Forças Armadas Portuguesas ao longo da Guerra Colonial (1961-1974) enfrentaram condicionalismos que afectaram profundamente e por diversas vezes os rumos das suas vidas. Nascidos em África sob o colonialismo português, a guerra chamou-os a combater do lado da força colonial e, ao cumprir esse serviço, as suas vidas ficaram para sempre marcadas por esta passagem que se tornou determinante quanto ao que o futuro lhes reservava. Com a independência dos países africanos e as configurações que foram assumindo cada um dos três territórios africanos que participaram nas guerras, os percursos desses homens foram novamente abalados. As posições para as quais a força colonial os tinha convocado durante a guerra passam a ser pouco abonatórias, nesses novos contextos, para aqueles que as tinham ocupado. Alguns desses homens partem para Portugal onde imaginam poder encontrar oportunidades para reorientarem os seus projectos e refazerem as suas vidas. Esta comunicação visa apresentar os resultados de uma análise cujo objectivo foi o de compreender os percursos de vida desses antigos combatentes que, como veremos não foram todos afectados da mesma forma pela sua passagem pela Guerra, bem como os discursos que os acompanham, os justificam ou os representam.

Fátima da Cruz Rodrigues, CEAUP


A Fátima da Cruz Rodrigues licenciou-se em Sociologia em 1992, prestou as provas de Mestrado em 1999 e em 2013, com o apoio de uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, doutorou-se com a tese intitulada Antigos Combatentes Africanos das Forças Armadas Portuguesas. A Guerra Colonial como Território de (Re)conciliação. É investigadora e presidente do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto e docente da Universidade Lusíada – Norte.